quinta-feira, 5 de abril de 2012

CAMINHÃO DE SAUDADES

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Um Caminhão de Saudade
Moacyr Franco
Na carroceria do meu Ford 36Levava abóbora, milho e gado de uma vezMeu Ford véio não passava humilhaçãoNossa Senhora, o que levou meu caminhãoMas no domingo transportava casamentoNoiva, noivo e o pessoalSuperlotado de inocência e de desejoAtravessava o milharalRosto avermelhado pelo sangueE pelo medo de um olharRoupa feita em casaEsperança colorida no tearMeu caminhão mudou E agora é um altarTem capelão, tem seis padrinhosPara entrarDepois do sim um beijo puro inauguralO primeiro dele e dela antes do larSanfona rasga um valseado Encomendado no clarão do fim do diaVira um salão dos namoradosO assoalho da minha carroceriaJuro defender a bendita água Sob a luz do lampiãoVoa pelo vale aquele somAcariciando o coraçãoNa madrugada todos pedem que eu buzineMeu caminhão virava agora limusineO riso dela e dele agora até cintilaÉ que no escuro o amor da gente Mais rebrilha
Casinha branca de adobro barreadaEsperava aquele amorDaqui a pouco o canteiro tá regadoE começa nascer florE o mercadeiro vai retornando Lentamente pela sua estradaComo quem tem alma e ela hojeDeve pra recompensar por nelson de campos

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